I. PREVISÃO DE UM DRAMA

Ester 1

DEUS OUVE O CLAMOR DO SEU POVO
1a. No segundo ano do reinado do rei Assuero, no primeiro dia do mês de Nisã, Mardoqueu teve um sonho. Mardoqueu era filho de Jair, filho de Semei, filho de Cis, da tribo de Benjamim.
1b. Ele era judeu que vivia na cidade de Susa, homem notável, ligado à corte do rei.
1c. Pertencia ao grupo dos exilados que Nabucodonosor, rei da Babilônia, tinha exilado de Jerusalém, junto com Jeconias, rei de Judá.
1d. O sonho foi assim: Gritos e tumulto, trovões e terremotos, agitação sobre a terra.
1e. Dois enormes dragões avançam, prontos para a luta. Lançam um grande rugido
1f. E, ao ouvi-lo, todas as nações se preparam para a guerra, para o combate contra o povo dos justos.
1g. É dia de treva e escuridão, caem sobre a terra angústia e aflição, tribulação e pavor.
1h. Todo o povo dos justos fica transtornado e, temendo desgraças, prepara-se para morrer e clama a Deus.
1i. E ao clamor do povo brota, como de uma pequena fonte, um grande rio de águas caudalosas.
1j. A luz e o sol se levantam: os oprimidos são exaltados e devoram os poderosos.

1l. Mardoqueu acordou do sonho e perguntou a si mesmo: "O que Deus está decidindo fazer?" Continuou a refletir nisso e ficou até à noite procurando decifrar de algum modo o significado.

O ESTOPIM DO CONFLITO
1m. Mardoqueu morava na corte com Bagatã e Tares, dois funcionários do rei, guardas do palácio.
1n. Ouvindo a conversa deles e investigando seus planos, ficou sabendo que estavam preparando um atentado contra o rei Assuero. Mardoqueu informou o rei.
1o. E o rei interrogou os dois funcionários, que confessaram e foram condenados à morte.
1p. O rei mandou escrever uma crônica desses fatos, e também Mardoqueu, por conta própria, os deixou por escrito.
1q. Depois o rei colocou Mardoqueu como funcionário na corte e o recompensou com presentes.
1r. Todavia, Amã, filho de Amadates, o agagita, tinha muito prestígio diante do rei e buscava um modo de prejudicar Mardoqueu e seu povo, por causa dos dois funcionários do rei.

II. AMEAÇA AO PODER

O BANQUETE DOS PODEROSOS
1. Eis o que aconteceu no tempo do rei Assuero, aquele Assuero que reinou sobre cento e vinte e sete províncias, desde a Índia até a Etiópia.
2. Nesse tempo, o rei Assuero reinava na fortaleza de Susa.
3. No terceiro ano do seu reinado, Assuero deu um banquete para todos os seus oficiais e ministros. Reuniram-se então para o banquete os chefes do exército da Pérsia e da Média, os nobres e os governadores das províncias.
4. Assuero queria ostentar a riqueza e glória do seu reino com o fausto magnífico de sua grandeza. Por isso fez o banquete durar cento e oitenta dias.
5. Passados esses dias, o rei deu um banquete por sete dias no jardim do palácio real, e convidou todo o povo que se encontrava na fortaleza de Susa, desde o maior até o menor.
6. Havia cortinas de linho fino e púrpura violeta suspensas em anéis de prata e colunas de mármore, e também divãs de ouro e prata sobre um piso de mosaico feito de malaquita, mármore branco e madrepérola.
7. Para beber, havia taças de ouro, uma diferente da outra, e o vinho era abundante, muito de acordo com a liberalidade do rei.
8. Bebia-se à vontade, como de costume, porque o rei tinha ordenado aos empregados de sua casa que deixassem cada um fazer o que queria.

O PRINCÍPIO DA AUTORIDADE
9. Também a rainha Vasti ofereceu um banquete para as mulheres no palácio real de Assuero.
10. No sétimo dia, alegre por causa do vinho, o rei ordenou que Maumã, Bazata, Harbona, Abgata, Bagata, Zetar e Carcas, sete funcionários que serviam pessoalmente ao rei Assuero,
11. lhe apresentassem a rainha Vasti, com a coroa real, para exibir a beleza dela ao povo e aos oficiais, pois a rainha era muito bela.
12. Ao receber a ordem dos funcionários, a rainha Vasti recusou apresentar-se. O rei ficou furioso, e sua ira se inflamou.
13. Então consultou os sábios, especialistas em leis, pois toda questão real devia ser tratada pelos peritos em direito.
14. Os mais próximos eram Carsena, Setar, Admata, Társis, Mares, Marsana e Mamucã, os sete grandes do reino da Pérsia e da Média, que eram conselheiros do rei e ocupavam os primeiros postos no reino.
15. Assuero perguntou: "Segundo a lei, o que se deve fazer à rainha Vasti por não ter obedecido à ordem do rei Assuero, transmitida pelos funcionários?"
16. Mamucã respondeu diante do rei e dos oficiais: "Não foi somente contra o rei que a rainha Vasti agiu mal, mas também contra todos os oficiais e todos os súditos que vivem por todas as províncias do rei Assuero.
17. De fato, o comportamento da rainha será conhecido por todas as mulheres, que desprezarão seus maridos, dizendo: 'O rei Assuero mandou que a rainha Vasti se apresentasse, e ela recusou'.
18. Hoje mesmo, as princesas da Pérsia e da Média, que ficarem sabendo do comportamento da rainha, comentarão isso com todos os oficiais do rei, e haverá muito desprezo e caçoada.
19. Se o rei achar bom, proclame um decreto real, que seja incluído nas leis da Pérsia e da Média, e tenha caráter irrevogável: que a rainha Vasti nunca mais se apresente ao rei Assuero e que o título de rainha seja dado a outra, que seja melhor do que ela.
20. Quando o decreto real for promulgado em todo o reino, todas as mulheres respeitarão seus maridos, tanto as nobres, como as do povo".
21. O rei e os oficiais gostaram da proposta, e Assuero seguiu o que Mamucã tinha dito.
22. Mandou cartas a todas as províncias reais, na escrita e na língua de cada povo, ordenando que o marido fosse o chefe da casa.

[Ester 2]III. UM POVO AMEAÇADO

Ester 2

DEUS SE ESCONDE NA FORÇA DOS FRACOS
1. Tempos depois, quando se acalmou, o rei se lembrou de Vasti, do que ela fizera e do decreto que havia publicado contra ela.
2. Então os cortesãos disseram ao rei: "Mande procurar jovens solteiras e bonitas.
3. O rei pode nomear comissários em todas as províncias do reino, e eles reunirão todas as jovens solteiras e bonitas no harém da fortaleza de Susa. Elas ficarão sob os cuidados de Egeu, eunuco do rei, que lhes dará o necessário para seus enfeites.
4. A jovem que mais agradar ao rei substituirá a rainha Vasti". A proposta agradou ao rei, e assim se fez.
5. Na fortaleza de Susa vivia um judeu chamado Mardoqueu, filho de Jair, filho de Semei, filho de Cis, da tribo de Benjamim.
6. Ele fora exilado de Jerusalém, entre os que tinham sido deportados com Jeconias, rei de Judá, por Nabucodonosor, rei da Babilônia.
7. Mardoqueu tinha criado Hadassa, que é Ester, sua prima, pois ela era órfã de pai e mãe. A jovem era muito bela e atraente e, quando os pais dela morreram, Mardoqueu adotou-a como filha.
8. Promulgado o decreto real, levaram muitas jovens para a fortaleza de Susa. E elas ficaram sob as ordens de Egeu. Levaram também Ester ao palácio, e a deixaram aos cuidados de Egeu, o guarda das mulheres.
9. Egeu gostou da jovem, e lhe deu logo o necessário para seus enfeites e a comida, entregando-lhe sete escravas, todas escolhidas do palácio real. Depois a transferiu com as escravas para um aposento melhor dentro do harém.
10. Seguindo as recomendações de Mardoqueu, Ester não disse a qual povo ou família pertencia.
11. Todos os dias Mardoqueu passeava pelo pátio do harém, para saber como Ester se sentia e como a tratavam.
12. Conforme o regulamento das mulheres, cada moça se preparava durante doze meses para se apresentar ao rei Assuero. Este era o prazo para o tratamento de beleza: seis meses à base de óleo de mirra e outros seis meses com vários bálsamos e cremes.
13. Quando chegava o tempo de apresentar-se ao rei, a jovem recebia tudo o que quisesse levar do harém para o palácio real.
14. Entrava no palácio à tarde e, na manhã seguinte, passava para um segundo harém, confiado a Sasagaz, eunuco real encarregado das concubinas. Ela não voltava mais para junto do rei, a não ser que o rei a desejasse e a chamasse pelo nome.
15. Chegou a vez de Ester, filha de Abiail, tio de Mardoqueu, que a adotara como filha, apresentar-se ao rei. Ester, porém, nada pediu. Contentou-se com o que Egeu, eunuco real encarregado das mulheres, lhe havia dado. Ester atraía a simpatia de todos os que a conheciam.
16. Foi levada ao palácio real, até o rei Assuero, no décimo mês, o mês de Tebet, no sétimo ano do seu reinado.
17. E o rei preferiu Ester a todas as outras mulheres, tanto que a coroou e a nomeou rainha, no lugar de Vasti.
18. Depois disso o rei deu um grande banquete em honra de Ester, e convidou todos os altos oficiais e ministros. Também concedeu um dia de descanso para todas as províncias, e distribuiu presentes com liberalidade régia.

O ESTOPIM DO CONFLITO
19. Ester passou depois para o segundo harém, como as outras moças.
20. Mas não disse a qual povo ou família pertencia. Mardoqueu a proibira de fazer isso, e ela continuava a obedecer-lhe, como quando vivia com ele.
21. Nesse tempo Mardoqueu era funcionário da corte. Ora, Bagatã e Tares, dois funcionários do corpo da guarda, estavam descontentes e planejavam um atentado contra o rei Assuero.
22. Mardoqueu ficou sabendo do plano e informou a rainha Ester. Ela, por sua vez, contou tudo ao rei, em nome de Mardoqueu.
23. Fizeram uma investigação, e todo o plano foi descoberto. Os dois funcionários foram enforcados, e o acontecimento foi registrado nos anais do reino, em presença do rei.

[Ester 3]Ester 3

O OPRIMIDO NÃO ADORA O OPRESSOR
1. Algum tempo depois, o rei Assuero promoveu Amã, filho de Amadates, do país de Agag, à mais alta dignidade, e lhe concedeu um trono mais alto que dos ministros, colegas de Amã.
2. Todos os funcionários do palácio obedeciam à ordem do rei, e dobrando os joelhos prestavam homenagem a Amã. Mardoqueu, porém, recusou-se a dobrar os joelhos diante de Amã.
3. Os funcionários do palácio perguntaram a Mardoqueu: "Por que você está desobedecendo à ordem do rei?"
4. Perguntavam isso todos os dias, porém Mardoqueu não fazia caso. Então denunciaram o fato a Amã, para ver se Mardoqueu insistiria em seu comportamento, já que Mardoqueu lhes havia dito que era judeu.
5. Amã comprovou que Mardoqueu não lhe prestava homenagem dobrando os joelhos, e ficou furioso.
6. Mas não se contentou em vingar-se apenas de Mardoqueu. Como lhe tivessem contado a qual povo Mardoqueu pertencia, Amã planejou destruir com Mardoqueu todos os judeus que viviam no reino de Assuero.

UM POVO PERIGOSO
7. No primeiro mês, que é o mês de Nisã, no décimo segundo ano do rei Assuero, lançou-se o "Pur", isto é, as sortes, na presença de Amã, para escolher o dia e o mês. A sorte caiu no décimo segundo mês, chamado Adar.
8. Então Amã disse ao rei Assuero: "Há um povo separado, espalhado entre todos os povos das províncias do seu reino. Eles têm leis diferentes de todos os outros, e não cumprem os decretos do rei. Não convém que o rei os tolere.
9. Se o rei achar bom, decrete a extinção deles, e eu entregarei aos funcionários trezentas e quarenta toneladas de prata para o tesouro real".
10. Então o rei tirou da mão o próprio anel e o entregou a Amã, filho de Amadates, do país de Agag, inimigo dos judeus,
11. e lhe disse: "Fique com o dinheiro, e faça com esse povo o que achar melhor".

ARBITRARIEDADE DOS PODEROSOS
12. No dia treze do primeiro mês, os escrivães do reino foram convocados. Conforme as ordens de Amã, eles redigiram um decreto para os sátrapas do rei, para os governadores de cada uma das províncias e para os chefes de cada povo. O decreto foi redigido na escrita de cada província e na língua de cada povo. Foi escrito em nome do rei Assuero e selado com o anel real.
13. A seguir os documentos foram enviados por meio de correios para todas as províncias do reino. Ordenavam exterminar, matar e aniquilar todos os judeus, adolescentes e velhos, crianças e mulheres, e saquear todos os seus bens no mesmo dia, o dia treze do décimo segundo mês, chamado Adar.
13a. Texto do decreto: "O Grande Rei Assuero, aos governadores das cento e vinte e sete províncias que vão da Índia até a Etiópia, e aos chefes de distrito, seus subordinados:
13b. Chefe de muitas nações e senhor de toda a terra, eu procuro não me embriagar com o orgulho do poder, mas governar com moderação e benevolência, a fim de que os meus súditos gozem sempre de uma vida sem sobressaltos. Oferecendo os benefícios da civilização e a livre circulação dentro de nossas fronteiras, procuro estabelecer a paz, tão desejada por todos.
13c. Consultei meus conselheiros sobre como poderia atingir esse fim. Entre eles está Amã, que se distingue por sua prudência, homem de dedicação sem igual, de fidelidade inabalável e comprovada, e cujas prerrogativas seguem imediatamente as do rei.
13d. Amã nos informou que entre todos os povos da terra há um povo hostil, com regime jurídico oposto ao de todas as nações, povo que despreza continuamente as ordens reais, a ponto de estorvar a política
irrepreensível e reta que exercemos.

13e. Portanto, considerando que esse povo singular, inimigo de todos e completamente diferente por sua legislação, que é prejudicial aos nossos interesses, ele comete os piores crimes e chega a ameaçar a estabilidade de nosso reino:
13f. Ordenamos que no dia catorze do décimo segundo mês, que é Adar, do presente ano, todas as pessoas que forem nomeadas na carta de Amã, nosso chefe de governo, que é como nosso segundo pai, sejam completamente exterminadas com mulheres e crianças, pela espada de seus inimigos, sem piedade ou consideração alguma.
13g. Desse modo, lançando violentamente na sepultura, num só dia, esses inimigos de ontem e de hoje, nossa política poderá prosseguir no futuro com estabilidade e tranqüilidade".
14. O texto do decreto, com força de lei para todas e cada uma das províncias, foi levado a público, a fim de que todos estivessem preparados para esse dia.
15. [Ester 4]Obedecendo ao rei, os correios partiram imediatamente. O decreto foi promulgado na fortaleza de Susa. E, enquanto o rei e Amã banqueteavam, a cidade de Susa sentia-se perdida.

Ester 4

É PRECISO FAZER UMA OPÇÃO RADICAL
1. Quando Mardoqueu soube do que estava acontecendo, rasgou as roupas, vestiu-se com pano de saco, jogou cinzas na cabeça e saiu pela cidade, dando gritos de dor.
2. Acabou chegando à porta do palácio real, onde não se podia entrar vestido com pano de saco.
3. Nas províncias, à medida que o decreto real era publicado, os judeus ficavam desolados: faziam jejum, choravam e ficavam de luto. O pano de saco e as cinzas se tornaram a cama de muitos.
4. As escravas e eunucos de Ester contaram tudo a ela. A rainha ficou angustiada, e mandou roupas para que Mardoqueu se vestisse e tirasse o pano de saco. Mardoqueu, porém, não aceitou.
5. Então Ester chamou Atac, um dos eunucos reais que a serviam, e o mandou perguntar a Mardoqueu o que havia acontecido e por que se comportava assim.
6. Atac foi conversar com Mardoqueu, que se encontrava na praça, diante da porta do palácio.
7. Mardoqueu lhe informou o que havia acontecido. Contou em pormenores sobre o dinheiro que Amã oferecera para o tesouro real, em troca do extermínio dos judeus.
8. Também lhe entregou uma cópia do decreto de extermínio, publicado em Susa. Pediu que o mostrasse a Ester e a informasse de tudo. Mandou que a rainha se apresentasse ao rei para interceder em favor do povo.
8a. E lhe dizia: "Lembre-se de quando você era pobre e eu lhe dava de comer. Amã, a segunda pessoa do reino, pediu ao rei a nossa morte
8b. Invoque o Senhor, fale ao rei em nosso favor, e livre-nos da morte".

9. Atac voltou e transmitiu a Ester tudo o que Mardoqueu lhe dissera.
10. Então Ester mandou este recado a Mardoqueu:
11. "Os funcionários do rei e o pessoal das províncias do reino sabem que, por decreto real, qualquer homem ou mulher que se apresente ao rei no pátio interno, sem ter sido chamado, torna-se réu de morte. A menos que o rei lhe estenda o cetro de ouro e lhe poupe a vida. Quanto a mim, faz um mês que não sou convidada a ir até o rei".
12. Mardoqueu recebeu o recado de Ester,
13. e respondeu: "Não pense que você é a única dos judeus a escapar com vida, só porque vive no palácio.
14. Se você se calar agora, a salvação e a libertação dos judeus virá de outro lugar, mas você e sua família morrerão. Quem sabe se você não se tornou rainha exatamente para esta ocasião?"
15. Então Ester mandou este recado a Mardoqueu:
16. "Reúna todos os judeus que vivem na cidade de Susa, e façam jejum por mim. Não comam, nem bebam durante três dias e três noites. Eu e minhas escravas também faremos jejum. Depois disso vou me apresentar ao rei. Se for preciso morrer, morrerei".
17. Mardoqueu foi embora e fez o que Ester havia mandado.

O PRINCÍPIO DA SUBVERSÃO RADICAL
17a. Então lembrando todas as façanhas do Senhor, Mardoqueu rezou assim:
17b. "Senhor, Senhor, Rei Todo-poderoso, tudo está debaixo do teu poder, e não há quem se oponha à tua vontade de salvar Israel.
17c. Sim, tu fizeste o céu e a terra e todas as maravilhas que estão debaixo do firmamento. Tu és o Senhor de todas as coisas, e não há quem possa resistir a ti.
17d. Tu conheces tudo! Se eu me nego a prostrar-me diante do soberbo Amã, tu bem sabes, Senhor, que não é por arrogância, orgulho ou vaidade. Para salvar Israel, de boa vontade eu beijaria a sola dos pés dele!
17e. Fiz o que fiz para não colocar a honra de um homem acima da glória de Deus. Eu não me prostro na frente de ninguém, a não ser diante de ti, Senhor, e não faço isso por orgulho.
17f. Pois bem, Senhor Deus, Rei, Deus de Abraão, poupa o teu povo! Porque tramam a nossa morte e desejam aniquilar a tua antiga herança.
17g. Não desprezes a porção que para ti resgataste da terra do Egito.
17h. Ouve minha súplica, tem piedade da tua herança e transforma o nosso luto em alegria, para que vivamos
celebrando o teu Nome, Senhor. Não deixes emudecer a boca dos que louvam a ti".

17i. E todos os israelitas clamavam a Deus com todas as forças, porque a morte estava diante de seus olhos.

A HONRA DE DEUS
17j. Tomada de angústia mortal, a rainha Ester também procurou refúgio no Senhor. Deixou as roupas de luxo, vestiu-se com roupas de miséria e luto. Em lugar de perfumes finos, cobriu a cabeça com cinzas e poeiras. Desfigurou-se completamente, e com os cabelos desgrenhados cobriu o corpo, que antes tinha prazer de enfeitar. E suplicou assim ao Senhor, o Deus de Israel:
17l. "Meu Senhor, nosso Rei, tu és o Único! Protege-me, porque estou só e não tenho outro defensor além de ti, pois vou arriscar a minha vida.
17m. Desde a infância, aprendi com minha família que tu, Senhor, escolheste Israel entre todos os povos e nossos pais entre todos os seus antepassados, para ser tua herança perpétua. E cumpriste o que lhes havias prometido.
17n. Pecamos contra ti, e nos entregaste aos nossos inimigos, porque adoramos os deuses deles. Tu és justo, Senhor!
17o. Eles, porém, não se contentaram com a amargura da nossa escravidão. Comprometeram-se com seus ídolos e juraram anular a palavra saída dos teus lábios e fazer desaparecer a tua herança e emudecer as bocas que te louvam, para aniquilar teu altar e a glória de tua casa.
17p. Juraram abrir os lábios dos pagãos para que louvem seus ídolos vazios e adorem eternamente um rei de carne.
17q. Senhor, não entregues teu cetro a deuses que não existem. Que não caçoem de nossa ruína. Volta seus planos contra eles próprios, e que sirva de exemplo o primeiro que nos atacou.
17r. Lembra-te, Senhor, manifesta-te a nós no dia da nossa tribulação. Quanto a mim, dá-me coragem, Rei dos deuses e Senhor dos poderosos.
17s. Coloca na minha boca palavras certas, quando eu estiver diante do leão. Volta o coração dele para odiar o nosso inimigo, para que este pereça junto com todos os seus cúmplices.
17t. Salva-nos com a tua mão e vem para me auxiliar, pois estou sozinha. E fora de ti, Senhor, eu não tenho nada.
17u. Tu conheces todas as coisas, sabes que odeio a glória dos ímpios, e que o leito dos incircuncisos e de qualquer estrangeiro me causa horror.
17v. Tu conheces a minha angústia e sabes que eu detesto o sinal da minha grandeza, que me cinge a fronte quando apareço em público. Eu o detesto como trapo imundo, e não o uso fora das solenidades.
17x. Tua serva não comeu à mesa de Amã, nem apreciou o banquete do rei, nem bebeu o vinho das libações.
17y. Tua serva não se alegrou desde o dia em que mudou de condição até hoje, a não ser em ti, Senhor, Deus de Abraão.
17z. [Ester 5]Ó Deus, mais forte que todos os poderosos, ouve a voz dos desesperados, liberta-nos da mão dos malfeitores, e livra-me do medo!"

Ester 5

A FRAQUEZA DERROTARÁ OS PODEROSOS
1. No terceiro dia, quando terminou de rezar, Ester tirou a roupa de luto e se vestiu com as roupas de rainha.
1a. Vestida com esplendor, invocou o Deus que cuida de todos e que os salva. Tomou consigo duas escravas. Apoiava-se suavemente numa delas, com delicada elegância, enquanto a outra ia acompanhando e segurando a cauda do vestido.
1b. No auge da beleza, Ester caminhava ruborizada, com o rosto alegre, como se ardesse de amor. Seu coração, porém, estava angustiado.
1c. Ultrapassando todas as portas, Ester se encontrou na presença do rei. Ele estava sentado no trono real, vestido com todos os enfeites majestosos de suas aparições solenes, resplandecendo em ouro e pedras preciosas, e tinha aspecto terrível.
1d. Ele ergueu o rosto incendiado de glória, e olhou num acesso de cólera. A rainha esmoreceu, apoiou a cabeça na escrava que a seguia, ficou pálida e desmaiou.
1e. Deus, porém, tornou manso o coração do rei, que ansioso correu do trono e tomou Ester nos braços, até que ela se recuperasse, e a reconfortou com palavras tranqüilizadoras:
1f. "O que foi, Ester? Eu sou seu esposo. Coragem! Você não vai morrer. Nossa ordem é só para os súditos. Aproxime-se".
2. Ergueu o cetro de ouro, o pousou no pescoço de Ester, a beijou e pediu: "Fale comigo".
2a. Ester lhe disse: "Senhor, eu o vi como um anjo de Deus e fiquei com medo de tanto esplendor. O senhor é admirável e seu rosto é fascinante".
2b. Enquanto falava, Ester desmaiou. O rei ficou perturbado e todos os cortesãos procuravam reanimá-la.
3. O rei lhe perguntou: "O que há, rainha Ester? Diga-me o que deseja, e eu lhe darei, nem que seja a metade do meu reino".
4. Ester respondeu: "Se parecer bem ao rei, venha hoje com Amã ao banquete que preparei para o senhor".
5. O rei disse: "Mandem convocar imediatamente Amã, para fazer o que Ester deseja". O rei e Amã foram ao banquete preparado por Ester.
6. Enquanto bebiam vinho, o rei disse de novo a Ester: "Peça-me o que quiser, e eu lhe darei. Mesmo que você peça a metade do meu reino, você a terá".
7. Ester respondeu: "Meu pedido e meu desejo é este:
8. se o rei quiser fazer-me um favor, se quiser ouvir meu pedido e satisfazer o meu desejo, venha com Amã ao banquete que lhe vou preparar amanhã. Então eu lhe direi".
9. Nesse dia, Amã saiu alegre e de bom humor. Mas, quando viu que Mardoqueu, na porta do palácio real, não se levantava nem se movia do lugar, ficou furioso contra Mardoqueu,
10. mas se conteve. Chegando em casa, chamou seus amigos e Zares, sua mulher.
11. E falou longamente a eles do esplendor de suas riquezas, de seus muitos filhos e de como o rei o tinha engrandecido, colocando-o acima de seus altos funcionários e ministros.
12. E acrescentou: "Além disso, a rainha Ester convidou somente a mim e ao rei para um banquete que ela ofereceu. E mais ainda: já estou de novo convidado para outro banquete com o rei, amanhã.
13. Isso tudo, porém, não me satisfaz, enquanto eu continuar vendo o judeu Mardoqueu sentado à porta do palácio".
14. Então sua mulher Zares e seus amigos propuseram: "Mande preparar uma forca de vinte e cinco metros. Pela manhã, peça ao rei que Mardoqueu seja nela enforcado. Depois você poderá ir contente para o banquete". Amã gostou da proposta e mandou preparar a forca.

[Ester 6]IV. A LIBERTAÇÃO DO POVO

Ester 6

RECONHECIMENTO E GLORIFICAÇÃO DO JUSTO
1. Nessa noite, o rei não conseguiu dormir. Então pediu que lhe trouxessem o livro dos Anais ou Crônicas. E o leram para ele.
2. Aí se contava como Mardoqueu tinha denunciado Bagatã e Tares, funcionários do rei e guardas da porta que estavam planejando um atentado contra a vida de Assuero.
3. E o rei perguntou: "Que prêmio ou recompensa foi dada a esse Mardoqueu?" Os cortesãos que serviam ao rei responderam: "Não lhe deram nada".
4. Então o rei perguntou: "Quem está no pátio?" Nesse momento, Amã estava chegando ao pátio externo do palácio, para pedir ao rei que mandasse enforcar Mardoqueu, na forca que ele havia preparado.
5. Os cortesãos responderam: "É Amã quem está no pátio". O rei ordenou: "Mandem que ele entre".
6. Amã entrou, e o rei lhe perguntou: "Como se deve tratar a um homem, a quem o rei quer honrar?" Amã pensou: "E quem é que o rei vai querer honrar, senão a mim?"
7. E respondeu: "Se o rei quer honrar alguém,
8. peguem vestes reais como as que o rei usa, tragam o cavalo que o rei costuma montar, e coloquem na cabeça dessa pessoa uma coroa real.
9. Entreguem as vestes e o cavalo a um dos mais altos oficiais, e esse mesmo revestirá com a tal roupa o homem a quem o rei quer honrar. Depois o conduzirá a cavalo pela praça da cidade, gritando na frente: 'É assim que deve ser tratado o homem que o rei quer honrar'."
10. Então o rei disse a Amã: "Depressa. Pegue a roupa e o cavalo e, tudo isso que você acabou de dizer, faça para Mardoqueu, o judeu funcionário da corte. Não omita nenhum pormenor do que você falou".
11. Amã pegou a roupa e o cavalo, revestiu Mardoqueu e o conduziu a cavalo pela praça da cidade, gritando na frente: "É assim que deve ser tratado o homem que o rei quer honrar".
12. Depois disso, Mardoqueu voltou para seu posto no palácio, enquanto Amã corria para casa, chateado e cobrindo o rosto.
13. Contou à sua mulher Zares e aos amigos tudo o que havia acontecido. Zares e seus amigos lhe disseram: "Você começou a decair diante de Mardoqueu. Se ele é de raça judaica, você não poderá nada contra ele. Pelo contrário, você cairá completamente diante dele. Você não poderá defender-se dele, porque o Deus vivo está com ele".
14. Ainda estavam falando, quando chegaram os funcionários do rei e levaram imediatamente Amã para o banquete preparado por Ester.

[Ester 7]Ester 7

O POVO QUER VIVER
1. O rei e Amã foram ao banquete da rainha Ester.
2. Neste segundo dia, enquanto bebiam vinho, o rei disse novamente a Ester: "Peça-me o que você quiser, rainha Ester, e eu o concederei a você. Qual é o seu pedido? Darei a você até a metade do meu reino".
3. A rainha Ester respondeu: "Se o senhor quiser fazer-me um favor, se lhe parecer bem, o meu pedido é que me conceda a vida, e o meu desejo é a vida do meu povo.
4. Porque eu e o meu povo fomos vendidos para sermos exterminados, mortos e aniquilados. Se nos tivessem vendido para sermos escravos e escravas, eu ficaria calada, pois tal desgraça não acarretaria prejuízo para o rei".
5. Então o rei perguntou à rainha Ester: "Quem é e onde está o homem que planeja fazer isso?"
6. Ester respondeu: "O perseguidor e inimigo é este perverso Amã". Então Amã ficou apavorado diante do rei e da rainha.
7. Enfurecido, o rei se levantou, deixou o banquete e foi para o jardim do palácio. Amã ficou aí, implorando junto à rainha pela sua própria vida, pois compreendeu que o rei já tinha decidido a sua desgraça.
8. Quando o rei voltou do jardim do palácio para a sala do banquete, encontrou Amã caído sobre o divã, onde se encontrava Ester. E o rei gritou: "E você ainda se atreve a violentar a rainha diante de mim, dentro do meu palácio!" O rei deu uma ordem, e imediatamente cobriram o rosto de Amã.
9. Harbona, um dos eunucos, sugeriu ao rei: "Na casa de Amã há uma forca de vinte e cinco metros, que Amã tinha preparado para Mardoqueu, aquele que falou em defesa do rei". E o rei ordenou: "Enforquem nela Amã".
10. Então enforcaram Amã na forca que ele tinha preparado para Mardoqueu. E a ira do rei se acalmou.

[Ester 8]Ester 8

A LEI EM BENEFÍCIO DO POVO
1. Nesse mesmo dia, o rei entregou à rainha Ester a casa de Amã, o perseguidor dos judeus. E Mardoqueu foi apresentado ao rei. Este já sabia, por meio de Ester, do parentesco que ele tinha com a rainha.
2. O rei tirou o anel que tinha retomado de Amã e o entregou a Mardoqueu. E Ester confiou a Mardoqueu a administração da casa de Amã.
3. Ester tornou a falar com o rei. Caiu aos pés dele e chorou, suplicando para anular o plano que Amã, o agagita, tinha maquinado contra os judeus.
4. Quando o rei estendeu o cetro de ouro para Ester, ela se levantou e, de pé na presença do rei,
5. continuou: "Se lhe parecer bem, se o senhor me quiser conceder, se o meu pedido lhe parecer justo e se está contente comigo, revogue por escrito o decreto que Amã, filho de Amadates, o agagita, mandou escrever para exterminar os judeus de todas as províncias reais.
6. Como poderia eu contemplar a desgraça que atingiria o meu povo? Como poderia contemplar o extermínio da minha família?"
7. O rei Assuero respondeu à rainha Ester e ao judeu Mardoqueu: "Vocês sabem que dei a Ester a casa de Amã e mandei enforcá-lo por atentar contra os judeus.
8. Agora, em nome do rei, escrevam o que vocês acharem melhor para os judeus, e lacrem o escrito com o anel do rei. Todo decreto redigido em nome do rei e lacrado com o seu anel, é irrevogável".
9. No dia vinte e três do terceiro mês, chamado Sivã, os escrivães do reino foram convocados e, exatamente como ordenou Mardoqueu, foi redigido um documento destinado aos judeus, aos sátrapas, governadores e chefes das províncias, para as cento e vinte e sete províncias, que se estendiam desde a Índia até a Etiópia. O documento foi mandado a cada província na escrita de cada uma e a cada povo em sua língua, e aos judeus em seu alfabeto e língua.
10. Essas cartas, redigidas em nome do rei Assuero e lacradas com o selo real, foram levadas por correios montados em cavalos da estrebaria real.
11. Nessas cartas o rei concedia aos judeus, em toda cidade onde estivessem, o direito de se reunir e defender, de exterminar, matar e aniquilar qualquer pessoa armada, de qualquer povo ou província, que os atacasse, inclusive mulheres e crianças, além do direito de saquear-lhe os bens.
12. Isso aconteceria no mesmo dia, em todas as províncias do rei Assuero, isto é, no dia treze do décimo segundo mês, chamado Adar.
12a. Texto do decreto:
12b. "O grande rei Assuero, aos sátrapas das cento e vinte e sete províncias, que se estendem da Índia à Etiópia, e aos que são fiéis aos nossos interesses. Saudações.
12c. Muitos homens, quanto mais honrados pela suma generosidade dos benfeitores, mais se ensoberbecem e procuram não só prejudicar nossos súditos, mas, incapazes de frear a própria soberba, tramam armadilhas contra seus próprios benfeitores.
12d. Eles não só anulam a gratuidade no meio dos homens, mas, embriagados pelo elogio de quem ignora o bem, se orgulham de fugir de Deus, o qual tudo vê, e de sua justiça que odeia o mal.
12e. De fato, muitas vezes, aconteceu que um mau conselho dessas pessoas, a quem foi confiado o controle dos assuntos públicos, tornou muitos daqueles que detêm o poder co-responsáveis por ações sangüinárias reprováveis, provocando assim calamidades irremediáveis.
12f. Com falsos raciocínios cheios de maldade, eles enganaram toda a boa fé dos soberanos.
12g. É possível encontrar fatos semelhantes, não só nas antigas histórias a que aludimos, mas também examinando as ações hoje realizadas pela baixeza daqueles que injustamente detêm o poder.
12h. Para o futuro, será necessário assegurar, em favor de todos os homens, um reino pacífico e sem perturbações,
12. ifazendo mudanças oportunas e julgando com firmeza e eqüidade os casos que acontecem sob os nossos olhos.
12j. Tal é o caso de Amã, um macedônio, filho de Amadates, na verdade um estrangeiro ao nosso sangue e muito longe da nossa bondade. Amã foi acolhido por nós com hospitalidade,
12l. usufruiu da amizade que dedicamos a todos os povos e chegou até a ser chamado "nosso pai" e ser reverenciado por todos com a prostração, como aquele que detém o segundo lugar junto ao trono do rei.
12m. Contudo, incapaz de conter o seu orgulho, Amã tramou privar-nos do poder e da vida.
12n. Com falsos e sutis artifícios, ele pediu a pena de morte para Mardoqueu, o nosso salvador e benfeitor perpétuo, e também para Ester, nossa irrepreensível companheira no trono, junto com todo o seu povo.
12o. Desse modo, ele pensava em nos isolar e passar o poder dos persas para os macedônios.
12p. Nós, porém, achamos que os judeus, condenados ao extermínio por esse criminoso, não são malfeitores. Pelo contrário, eles vivem segundo leis justíssimas,
12q. são filhos do Deus Altíssimo, excelso e vivo, que, em nosso favor e de nossos antepassados, dirige o reino do modo mais florescente.
12r. Portanto, vocês farão bem se não obedecerem ao decreto enviado por Amã, filho de Amadates, porque seu autor foi enforcado diante das portas de Susa, com toda a sua família. Deus, Senhor de todos os acontecimentos, fez recair imediatamente sobre ele o castigo que merecia.
12s. Coloquem cópias desta carta em público, e permitam que os judeus continuem a seguir livremente seus costumes. Além disso, dêem aos judeus apoio para se defenderem de todos aqueles que os atacarem no dia da perseguição, isto é, no dia treze do décimo segundo mês, chamado Adar.
12t. Porque Deus, Senhor de todas as coisas, transformou esse dia trágico em dia de alegria para o povo escolhido.
12u. Quanto a vocês, judeus, celebrem com toda a solenidade esse dia memorável, entre as festas de vocês. Assim, hoje e no futuro, seja ele uma lembrança da salvação para nós e para os amigos dos persas, e uma lembrança da destruição para os nossos inimigos.
12v. Toda cidade e província que não seguir estas disposições, será devastada a ferro e fogo. Nenhum homem viverá nela e até os animais e pássaros a evitarão".
13. O texto do decreto, com força de lei para todas e cada uma das províncias, se tornaria público, para que os judeus estivessem preparados, a fim de se vingarem de seus inimigos nesse dia.
14. Os correios montaram cavalos reais e partiram rapidamente para executar a ordem do rei, enquanto o decreto era imediatamente promulgado na fortaleza de Susa.
15. Mardoqueu saiu da presença do rei com vestes reais, de cor violeta e branca, uma grande coroa de ouro e um manto de linho e de púrpura vermelha. Toda a cidade de Susa saltava de alegria.
16. Para os judeus foi um dia de luz e alegria, festa e triunfo.
17. Em todas as províncias e em todas as cidades, aonde chegava a ordem do decreto real, os judeus se alegravam com banquetes e festas. Muitos do país se tornaram judeus, porque o temor dos judeus caiu sobre eles.

[Ester 9]Ester 9

O POVO TEM DIREITO DE SE DEFENDER
1. No dia treze do décimo segundo mês, chamado Adar, quando se devia executar o decreto do rei, no dia em que os inimigos dos judeus esperavam destruí-los, aconteceu o contrário: foram os judeus que destruíram seus inimigos.
2. Os judeus se concentraram em suas cidades, em todas as províncias do rei Assuero, para atacar os que maquinavam sua destruição. Ninguém lhes ofereceu resistência, porque o temor dos judeus caiu sobre toda a população.
3. Os chefes das províncias, os sátrapas, os governadores e funcionários reais apoiaram os judeus, porque tiveram medo de Mardoqueu.
4. De fato, Mardoqueu ocupava alto cargo no palácio, e sua fama se espalhava por todas as províncias. Mardoqueu se tornava cada vez mais poderoso.
5. Os judeus passaram a fio de espada todos os seus inimigos, matando e exterminando. Fizeram dos inimigos o que quiseram.
6. Só na fortaleza de Susa, os judeus mataram e exterminaram quinhentos homens,
7. incluindo Farsandata, Delfon, Esfata,
8. Forata, Adalia, Aridata,
9. Fermesta, Arisai, Aridai, Jezata
10. e os dez filhos de Amã, filho de Amadates, o perseguidor dos judeus. Mas não praticaram o saque.
11. No mesmo dia, comunicaram ao rei o número de vítimas na fortaleza de Susa.
12. E o rei disse à rainha Ester: "Só na fortaleza de Susa, os judeus mataram e exterminaram quinhentos homens e os dez filhos de Amã. O que terão feito nas outras províncias do reino? Peça o que você quiser, e eu lhe darei. Se você quer mais alguma coisa, lhe será concedida".
13. Ester respondeu: "Se parece bem ao rei, conceda que os judeus de Susa possam prorrogar o cumprimento do decreto até amanhã. E que enforquem os cadáveres dos dez filhos de Amã".
14. O rei ordenou que assim fosse feito: prorrogou o decreto em Susa, e enforcaram os cadáveres dos dez filhos de Amã.
15. Assim, os judeus de Susa se concentraram também no dia catorze do mês de Adar e mataram mais trezentos homens, sem contudo praticar o saque.
16. Os judeus das outras províncias do reino também se concentraram para se defender, eliminando os inimigos. Mataram setenta e cinco mil adversários, mas não praticaram o saque.
17. Assim foi o dia treze do mês de Adar, e no dia catorze descansaram, transformando-o em dia de festa.
18. Os judeus de Susa se reuniram nos dias treze e catorze; no dia quinze descansaram, transformando-o em dia de festa.
19. É por isso que os judeus do campo, que vivem nas aldeias, fazem do dia catorze do mês de Adar, um dia de alegria, banquete e festa, e trocam presentes.
19a. Para os judeus das grandes cidades, o dia festivo é o dia quinze do mês de Adar, quando mandam presentes para seus vizinhos.

O POVO FESTEJA A LIBERTAÇÃO
20. Mardoqueu registrou por escrito todos esses acontecimentos. Depois mandou cartas a todos os judeus que viviam nas províncias do rei Assuero, próximas ou distantes,
21. ordenando-lhes que celebrassem todo ano os dias catorze e quinze do mês de Adar,
22. porque nesses dias é que os judeus se livraram de seus inimigos, e nesse mês a sua tristeza foi transformada em alegria e o seu luto em festa. Ele insistia que os judeus festejassem esse dia, fazendo banquetes, trocando presentes e fazendo doações aos pobres.
23. Os judeus, que já haviam começado a praticar tudo isso, aceitaram o que Mardoqueu lhes pedia.
24. De fato, Amã, filho de Amadates, o agagita, perseguidor de todos os judeus, tinha planejado a morte deles e lançado o "Pur", isto é, as sortes, para eliminá-los e destruí-los.
25. Mas quando Ester se apresentou ao rei, este ordenou, com documento escrito, que a perversa trama de Amã contra os judeus recaísse sobre ele próprio, e que ele e seus filhos fossem enforcados.
26. Por isso, esses dias receberam o nome de "Purim", da palavra "pur". Conforme o texto dessa carta, e de acordo com o que haviam presenciado e sabido por notícias,
27
. os judeus assumiram para si próprios, para seus descendentes e para todos os que a eles se reunissem, o compromisso inviolável de celebrar todo ano esses dois dias, conforme esse documento e nas datas fixadas.
28. Esses dias são lembrados e celebrados de geração em geração, em cada família, província e cidade. São os dias dos "Purim", que nunca desaparecerão do meio dos judeus, e sua lembrança jamais morrerá entre seus descendentes.
29. A rainha Ester, filha de Abiail, e o judeu Mardoqueu escreveram, urgindo o cumprimento da segunda carta sobre os dias dos "Purim",
30. e enviaram cartas a todos os judeus das cento e vinte e sete províncias do reino de Assuero. Com palavras de paz e fidelidade,
31. ordenaram a observância desses dias dos "Purim" na data certa. Assim lhes ordenaram o judeu Mardoqueu e a rainha Ester, e os próprios judeus o assumiram para si e seus descendentes, acrescentando algumas cláusulas sobre jejuns e súplicas.
32. Desse modo, o decreto de Ester fixou as normas para celebrar os dias dos "Purim", e ficou registrado por escrito.

[Ester 10]Ester 10

DEUS OUVIU O CLAMOR DO SEU POVO
1. O rei Assuero impôs tributo aos habitantes do continente e das ilhas.
2. Para suas vitórias militares e o relato em pormenores da dignidade a que o rei elevou Mardoqueu, podem ser consultados os Anais do reino da Média e da Pérsia:
3. "O judeu Mardoqueu era o primeiro depois do rei Assuero. Foi um homem considerado pelos judeus e amado por seus muitos compatriotas, porque buscava o bem do seu povo e se preocupava com a prosperidade de sua nação.
3a. Mardoqueu comentou: Essas coisas aconteceram por obra de Deus.
3b. Lembro-me do sonho que tive sobre esses fatos, e nenhum deles foi omitido:
3c. a pequena fonte que se torna rio, a luz que se levanta, o sol e a água abundante. O rio é Ester, que o rei desposou e constituiu rainha. 3d

Os dois dragões, somos eu e Amã.
3e. As nações, são aquelas que se coligaram para destruir o nome dos judeus.
3f. Meu povo é Israel, aqueles que invocaram a Deus e foram salvos. Sim, o Senhor salvou o seu povo, o Senhor nos libertou de todos esses males. Deus realizou sinais e prodígios, como nunca houve entre as nações.
3g. Por isso, ele estabeleceu duas sortes: uma para o povo de Deus, e outra para as nações.
3h. Essas duas sortes se realizaram na hora, no momento e no dia estabelecido do julgamento diante de Deus, e em todas as nações.
3i. Deus se lembrou do seu povo e fez justiça para a sua herança.
3j. Os dias catorze e quinze do mês de Adar serão celebrados com assembléia, alegria e contentamento diante de Deus, em Israel, seu povo por todas as gerações e para sempre".